segunda-feira, junho 06, 2005

O Sol Quando Nasce É Para Todos

No momento em que perguntavam por mim e quando é que eu me decidia a pôr algo de desinteressante neste blog, cá vos apareço eu! Estou aqui no café "Cá se fazem, Cá se pagam" a beber uma bica e a desfrutar de um belíssimo fim de tarde. Mas nisto vejo que se aproxima um homem rude do campo de outro homem igualmente rude, que se encontra sentado numa mesa. Este meu dedinho diz-me que se vai passar algo de desinteressante. Vamos ouvir:

- Então, por cá? Como vai a vidinha?
- Ora essa. Enquanto há vida, há esperança.
- É verdade. Mas que calor que está! Nunca mais vem a chuva!
- Pois. Em Abril, águas mil.
- Já agora, se não se importa, vou-me aqui sentar um bocadinho que já me doem as costas de estar de pé. E já agora, aproveito para comer a minha merenda.
- Olhe tenha cuidado. Merenda comida, companhia desfeita. É o que se costuma dizer.
- Ó homem! Você não acredita nessas coisas que o povo diz, pois não?
- Olhe que homem prevenido vale por dois.
- Bom. Como queira. Mas é verdade...o que é que achou da Dna Adelaide ontem na festa? Ela canta bem não acha?
- Não admira. Quem canta seus males espanta. E quem chora mais os aumenta.
- Aí está uma mulher de espírito! Não me importava de...bem, ceifá-la! Mas não antes de fazer uma rotação de culturas, se é que me percebe...
- O quê?
- Aquilo que os cavalos fazem...
- Ah, já tou a ver. O senhor tenha cuidado pois o fruto proibido é o mais apetecido. Eu aconselhava-o a não ter mais olhos que barriga porque nem tudo o que é luz é ouro.
- Ora, você exagera! Eu sou homem de, muitas das vazes, mostrar quem é que manda!
- Mas olhe que os homens não se medem aos palmos.
- Realmente tem razão, mas não falemos mais nisso. Diga-me antes porque é que se foi embora a meio da festa?
- Ora, porque deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer.
- Como queira, mas digo-lhe que perdeu a melhor parte! Assámos, ali mesmo, uma bela cabidela, bem regadinha com vinho tinto que estava uma delícia! E depois vieram os queijinhos e os chouriços...Ah! Foi uma bela festa!
- Olhe lá bem a sua saúde. Quem o avisa, seu amigo é.
- Não se preocupe comigo. Eu jogo sempre pelo seguro.
- Mas o seguro morreu velho. Com papas e bolos se enganam os tolos, já dizia a minha avó.
- Oiça lá. isto dá-lhe muitas vezes, falar dessa maneira? É que dá-me a sensação de que o senhor não está a ligar meia ao que eu estou dizer. Acha que eu gosto de falar pró boneco?
- Ah, eu cá prefiro falar prás paredes.
- Estou a ver que está estou a gastar a minha saliva consigo.
- Não, não. Você está mas é a gastar o seu latim.
- Ó homem, cale-se! Você realmente não tem emenda. Eu acho que me vou embora. Ainda tenho que resolver uns assuntos, e receio já me ter atrasado.
- Não se preocupo pois mais vale tarde que nunca. Mas vendo bem, não deixe pr'amanhã o que pode fazer hoje.
- Aí você tem razão. Então passe bem e dê cumprimentos à família.
- Vá com Deus! Isto realmente calha-me cada um na rifa. Este senhor passa a vida nisto e depois não trabalha. Mas quem não trabuca não manduca, é o que costumo dizer. Bom. Acho que também vou, isto é, se me lembrar do caminho. Oh! Já me esquecia que todos os caminho vão dar a Roma e que quem tem boca também lá vai ter.

Nunca ei de perceber esta gente do campo. Às vezes aparece cada um com a sua pancada. Mas eu costumo dizer: que a emenda saiu pior que o soneto, e que a bom entendedor meia palavra basta.
- Oiça lá. Você vai pagar o café ou não?
Tenha calma homem! Estou á procura da carteira. Oh, bolas! Acho que a deixei nas outras calças! Isto realmente, uma desgraça nunca vem só!

1 comentário:

Pêra disse...

Homem prevenido vale por dois!!