terça-feira, junho 28, 2005

E Que Ninguém Me Desminta!

Depois de, nestes últimos dias, ter lido, num ilustre blog, um texto que fazia referência à poluição, não pode deixar de pensar: "Eis um belo tema desinteressante! Desinteressante o suficiente para ser publicado num blog extremamente desinteressante!" O que vêm mesmo a calhar porque acontece que eu tenho um!
O que eu tenho notado, é que vivemos num país cheio de contradições. Aqui, toda a gente parece fazer tudo aquilo que anteriormente disseram para não fazer: tentam à força toda meter na cabeça dos jovens de hoje em dia que devem usar o preservativo, mas depois vêm-se queixar que a população portuguesa é extremamente idosa; dizem para reduzir-mos as emissões de químicos na atmosfera, mas depois, só porque não chove no Alentejo, desatam a lançar químicos no céu para que chova,... E perguntam vocês: "Então, porque é que isto acontece? Eu julgava que vivia-mos num país civilizado?!" Pergunta à qual eu respondo: "Hello?! Já olharam à vossa volta? Estamos em Portugal! P-O-R-T-U-G-A-L!
Mas, como é que eu ei de expor o problema da poluição? Bom,...eh... a poluição é deitar os papeis de rebuçados no lixo, tal como eu estou a fazer agora, em vez de recicla-los; ou, eh..., ir para o Marquês a buzinar só para festejar a vitória do Benfica no Campeonato Nacional (digo isto apenas para me divertir a ler os posts dos benfiquistas revoltados); ou, se calhar, talvez usar insecticida para matar os mosquitos que você tem aí em casa; ou então,...uh,...... e mais uma data de coisas que, por serem um bocadinho interessantes, não as posso publicar neste blog. (Acho que me safei bastante bem...)
Encontro-me no fim deste posto e apercebo-me que falhei completamente em explicar a ameaça da poluição. Talvez tenha sido por eu ter tentado dizer uma coisa que mais tarde não irei cumprir. Acho que me estou a tornar numa daquelas pessoas que diz: "Mas eu julgava que vivia-mos num país civilizado?!"

Este post foi patrocinado pela Corporação de Energia de Portugal e pelos Serviços de Águas Residuais de Lisboa.

segunda-feira, junho 13, 2005

A Ressaca Dos Santos Populares

Paira no ar o aroma quase delicioso dos santos populares! E eis que o espirito popular se apodera de mim. Esse tão adorado António, conhecido pelos amigos como o Santo, Santo António de Lisboa, vê o seu dia a ser celebrado no meio de muita pinga e de marchas populares. Os berros que aquele gente manda enquanto tropeça pela Av. da Liberdade abaixo, numa tentativa extremamente débil de tentarem mostrar que sabem cantar, são quase divinos! Ainda por mais, o povo achou neste dia uma bela desculpa para não ir trabalhar. Não estivesse eu cheio desta nostalgia popular, e verdade seja dita, da pinga, achava logo nisto motivo de revolta!
Mas quem fala de santos populares, vê-se imediatamente com a pergunta: e as ricas sardinhas? As sardinhas não faltaram certamente, não se preocupe! Santo António sem sardinhas?! Onde é que já se viu! Mas infelizmente nem em todo o lado se pode celebrar o Santo António... Estão a ver as ilhas Fiji? São bonitas não são? Claro que são... A ver se passo lá férias um verão. Mas queria-vos falar da situação na Uganda que, por motivos já certamente conhecidos, não poderão celebrar o Santo António enquanto a situação no lago Vitória não estiver resolvida. Aqui ficam as minhas mais sinceras condolências...
Com os votos de que tenham comido muita sardinha assada, aqui me despeço!

segunda-feira, junho 06, 2005

O Sol Quando Nasce É Para Todos

No momento em que perguntavam por mim e quando é que eu me decidia a pôr algo de desinteressante neste blog, cá vos apareço eu! Estou aqui no café "Cá se fazem, Cá se pagam" a beber uma bica e a desfrutar de um belíssimo fim de tarde. Mas nisto vejo que se aproxima um homem rude do campo de outro homem igualmente rude, que se encontra sentado numa mesa. Este meu dedinho diz-me que se vai passar algo de desinteressante. Vamos ouvir:

- Então, por cá? Como vai a vidinha?
- Ora essa. Enquanto há vida, há esperança.
- É verdade. Mas que calor que está! Nunca mais vem a chuva!
- Pois. Em Abril, águas mil.
- Já agora, se não se importa, vou-me aqui sentar um bocadinho que já me doem as costas de estar de pé. E já agora, aproveito para comer a minha merenda.
- Olhe tenha cuidado. Merenda comida, companhia desfeita. É o que se costuma dizer.
- Ó homem! Você não acredita nessas coisas que o povo diz, pois não?
- Olhe que homem prevenido vale por dois.
- Bom. Como queira. Mas é verdade...o que é que achou da Dna Adelaide ontem na festa? Ela canta bem não acha?
- Não admira. Quem canta seus males espanta. E quem chora mais os aumenta.
- Aí está uma mulher de espírito! Não me importava de...bem, ceifá-la! Mas não antes de fazer uma rotação de culturas, se é que me percebe...
- O quê?
- Aquilo que os cavalos fazem...
- Ah, já tou a ver. O senhor tenha cuidado pois o fruto proibido é o mais apetecido. Eu aconselhava-o a não ter mais olhos que barriga porque nem tudo o que é luz é ouro.
- Ora, você exagera! Eu sou homem de, muitas das vazes, mostrar quem é que manda!
- Mas olhe que os homens não se medem aos palmos.
- Realmente tem razão, mas não falemos mais nisso. Diga-me antes porque é que se foi embora a meio da festa?
- Ora, porque deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer.
- Como queira, mas digo-lhe que perdeu a melhor parte! Assámos, ali mesmo, uma bela cabidela, bem regadinha com vinho tinto que estava uma delícia! E depois vieram os queijinhos e os chouriços...Ah! Foi uma bela festa!
- Olhe lá bem a sua saúde. Quem o avisa, seu amigo é.
- Não se preocupe comigo. Eu jogo sempre pelo seguro.
- Mas o seguro morreu velho. Com papas e bolos se enganam os tolos, já dizia a minha avó.
- Oiça lá. isto dá-lhe muitas vezes, falar dessa maneira? É que dá-me a sensação de que o senhor não está a ligar meia ao que eu estou dizer. Acha que eu gosto de falar pró boneco?
- Ah, eu cá prefiro falar prás paredes.
- Estou a ver que está estou a gastar a minha saliva consigo.
- Não, não. Você está mas é a gastar o seu latim.
- Ó homem, cale-se! Você realmente não tem emenda. Eu acho que me vou embora. Ainda tenho que resolver uns assuntos, e receio já me ter atrasado.
- Não se preocupo pois mais vale tarde que nunca. Mas vendo bem, não deixe pr'amanhã o que pode fazer hoje.
- Aí você tem razão. Então passe bem e dê cumprimentos à família.
- Vá com Deus! Isto realmente calha-me cada um na rifa. Este senhor passa a vida nisto e depois não trabalha. Mas quem não trabuca não manduca, é o que costumo dizer. Bom. Acho que também vou, isto é, se me lembrar do caminho. Oh! Já me esquecia que todos os caminho vão dar a Roma e que quem tem boca também lá vai ter.

Nunca ei de perceber esta gente do campo. Às vezes aparece cada um com a sua pancada. Mas eu costumo dizer: que a emenda saiu pior que o soneto, e que a bom entendedor meia palavra basta.
- Oiça lá. Você vai pagar o café ou não?
Tenha calma homem! Estou á procura da carteira. Oh, bolas! Acho que a deixei nas outras calças! Isto realmente, uma desgraça nunca vem só!