quinta-feira, outubro 12, 2006

Crónicas Do Metro(politano)

Vai daí, vou hoje no metro a dirigir-me para casa. Vai tudo muito bem, nisto entram no metro três moças, sendo uma delas de grande porte, a outra de idade avançada, 62 anos já ela dizia, e a outra era normal (tanto normal quanto é possível). Ai e tal, pergunta a mais velha para o que se supõe ser a filha volumosa: «Já tens idade para seres avó?» E responde esta: «Não, só se tivesse tido filhos praí aos vinte.» Saliento que esta já tinha anunciado previamente que andava pelos vinte e seis anos de idade. Bom...a conversa continua e segundo percebi a mais velha tinha há anos, tempos já há muito passados, quando estava grávida do mais velho, tido um acidente de viação. Aparentemente ouve uma falha do cinto de segurança. Nisto, lança á filha um daqueles olhares tipo: «Pois é...o cinto de segurança...» No caso de não poder ter mais filhos decide ir em frente com o parto onde foi preciso usar os fórcepts de ferros pois tinha sido um parto de risco uma vez que ela era diabética.
A conversa continua por aí fora e o que consegui captar foi o seguinte: a mais velha diz que o que lhe dá mais problemas são os pés. Dão-lhe muito trabalho. Mais trabalho que o corpo ou a cara. Segundo contou ela, tem sempre á mão, na casa-de-banho, uma caixa de cotonetes que usa para limpar por debaixo das unhas. Quando faltam os cotonetes, utiliza os pauzinhos dos fósforos com uma bolinha de algodão. «São estas coisas que tenho por debaixo das unhas. Vê. Quando as unhas apodrecem, arranco-as com a mão» dizia a velha senhora para a filha.
"PRÓXIMA ESTAÇÃO...CAMPO GRANDE, HÁ CORRESPONDENCIA COM A LINHA VERDE"
Chegamos á estação Campo Grande e vira-se a mais velha para a filha: «Ah, esta estação é ao ar livre...Isso é bom. Eu gosto muito de andar de comboio ao ar livre. Ás vezes, chego a ir a Cascais por diversão. Agora, ali dentro do buraco é que não. Dizem que há ratazanas.»
Saíram do metro e vão á sua vida, tal como eu que prossegui o meu caminho para casa.